Um dos momentos mais ricos da vida é a infância. No entanto, ser criança só parece fácil. Claro que existe a facilidade de não possuir grandes responsabilidades, mas o choque entre a inocência e a aspereza do mundo sempre está lá para confundir a cabeça. Vendo O Garoto da Bicicleta, dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, me recordei de vários momentos especiais nos quais o cinema conseguiu captar, de forma séria, o espírito errante infantil. Criança não é burra ou alienada, como bem provam Truffaut e Kiarostami, por exemplo.
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A imagem nossa de cada dia
Tive a sorte de assistir a Close-Up, de Abbas Kiarostami, no mesmo período em que lia A Sangue Frio, clássico do jornalismo literário escrito por Truman Capote. Parecia improvável que essas obras fossem semelhantes, porque vindas de lugares e culturas tão diferentes. Mas, sim, tratam do mesmo tema: a importância da autoimagem e de como queremos que o mundo nos enxergue.
A novela de ontem e a novela de hoje
Como principal produto da televisão brasileira, a novela deveria ser mais bem cuidada por quem as cria – emissoras, escritores, diretores. Não digo isso por apreciar e defender a dramaturgia nacional para TV. A reciclagem de temas, recontando o já contado inúmeras vezes, beira o inacreditável. Do texto, não se tira quase nada: desenvolve mal temas amplos e relevantes para a sociedade; foca em tramas que não fazem a narrativa andar; abusa do uso do clichê e da linguagem formal; retrata um país fictício, sem pobres, feios e derrotados. Se ao menos o desastre dos roteiros fosse compensado com uma forma inteligente de se filmar, estariam todos desculpados. Mas não temos nem isso…
A inexplicabilidade da vida
Nem preciso insistir no quanto o cinema perde com as mortes de Eduardo Coutinho e Philip Seymour Hoffman. Tantos obituários estão aí pela internet, jornais e afins para isso. Basta dizer que Coutinho era possivelmente o maior cineasta brasileiro vivo; Hoffman, o principal ator americano surgido nos anos 1990. Continuar lendo
A cinefilia está morta. Vida longa à cinefilia!
Revirando alguns livros sobre cinema, encontro Cinefilia (Cosac Naify, São Paulo, 2010), do historiador e crítico francês Antoine de Baecque, e automaticamente me lembro do encontro com o autor em São Paulo, lá em 2011, e do artigo escrito para o Cinefilia. A pauta é antiga, mas o tema abordado, atemporal. Por isso, reproduzo o texto, a seguir. Continuar lendo