Nem preciso insistir no quanto o cinema perde com as mortes de Eduardo Coutinho e Philip Seymour Hoffman. Tantos obituários estão aí pela internet, jornais e afins para isso. Basta dizer que Coutinho era possivelmente o maior cineasta brasileiro vivo; Hoffman, o principal ator americano surgido nos anos 1990.No entanto, existem questões mais pertinentes. Qual o significado de um pai ser morto pelo filho a facadas? Qual o significado de mais um homem sucumbir ao vício em drogas? Não, não há significado algum nisso tudo. Entram na lista daqueles fatos, por vezes terríveis, da aleatoriedade e inexplicabilidade da vida.
A tragédia acontecida com Coutinho dispensa palavras. O filho assassino sofre de esquizofrenia, nem sabia o que fazia. Mas, como li em algum lugar por aí, deve-se lembrar que apenas a chance do crime ocorrer mostra como o diretor não abandonou seu filho doente.
Quanto a Hoffman, muitas pessoas são mau-caráter o bastante para decretar que a morte é resultado direto de suas escolhas pessoais – no caso, o vício em heroína. Como culpar alguém por destruir a si mesmo? Impossível analisar uma situação sem vivê-la de perto. Devemos nos inspirar em Coutinho, que jamais julgou seus personagens, para somente lamentar – e recordar que, acima de tudo, três crianças perderam o pai ator.
Se nós, amantes do cinema, sofremos com as perdas, nem dá pra imaginar como se sentem os familiares desses homens. Agora é hora de se calar. E agradecer por terem dividido seus talentos com o mundo.