Nesta semana e na próxima, teremos a chance de ver mais um pouco do trabalho de dois dos principais criadores do cinema contemporâneo. Estreiam no Brasil as últimas realizações de Quentin Tarantino (Django Livre, no dia 18) e Paul Thomas Anderson (O Mestre, dia 25), apenas para lembrar que ainda existem filmes americanos que buscam passar ao largo da máquina de marketing na qual se transformou Hollywood.
E por que vibrar com ambas as obras, sendo que ainda existem inúmeros mestres na ativa, filmando em alto nível, como Abbas Kiarostami, David Cronenberg, Martin Scorsese, Michael Haneke e outros? Ora, basta fazer um exercício mental: quais os diretores nascidos nos EUA, o país do cinema por excelência, cujos longas de estreia datam do início da década de 1990, que podem ser reconhecidos como autores?
Ethan e Joel Coen não valem, pois já faziam filmes nos anos 1980; James Gray ganhou respeito por obras recentes (Os Donos da Noite, Amantes), mas trabalha dentro dos gêneros, não é um criador por excelência. Restam somente os dois, Quentin Tarantino e Paul Thomas Anderson.
Tarantino entende a essência do cinema. Conhece a relevância cultural da Sétima Arte no imaginário coletivo do século 20, por isso faz filmes populares, mistura lixo com erudição, transforma gêneros. Antes dos verborrágicos diálogos, marca registrada de seus roteiros, vem um excelente trabalho de construção pictórica – afinal, cinema é imagem, não palavra. Não bastasse isso, Tarantino é mestre em manipular as emoções do público, como Hitchcock e alguns poucos mais.
Anderson segue a cartilha de Robert Altman e Scorsese: profundo desenvolvimento psicológico dos personagens – às vezes, vários personagens ao mesmo tempo -, câmera em intensa movimentação, planos sequências. Seus filmes geralmente mostram as camadas internas podres de um mundo voltado às aparências. Histórias de pessoas comuns, nas mãos de PTA, tornam-se sombrias análises sobre a condição humana.
Se somente a habilidade dos dois diretores não convencerem o público a assitir suas novas incursões na tela grande, os filmes falam por si: Django Livre é o sonho cinéfilo de ver um western de Tarantino e O Mestre possui alguns dos atores mais talentosos dos últimos tempos – Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix.
A partir desta sexta, dia 18, os brasileiros poderão confirmar que o cinema americano ainda tem muita força.
Ótimo texto, concordo com a relevância que você dá a estes 2 nomes. Mas, e David Fincher e Christopher Nolan? Não se encaixam nesse seleto grupo Thiago? Abraços!
João, adoro o trabalho do Fincher, um dos mais sólidos diretores americanos. Na verdade, até esqueci de citá-lo no texto, mas ele entra no mesmo “grupo” do James Gray: não é exatamente um criador, apesar de saber muito bem atuar dentro do cinema de gêneros. Agora,quanto ao Nolan, o desprezo com todas minhas forças!
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