Retomando

Um pequeno hiato de postagens, mas neste novo ano as coisas seguem. Aos poucos, pretendo resgatar textos postados nas antigas versões do Cinefilia e colocá-los aqui, juntamente com as resenhas e comentários comuns a este espaço.

Enquanto isso tudo não vem, observações sobre os filmes já vistos em 2012:

Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, EUA, 1957), de Stanley Kubrick *****

Se a guerra por si só é um absurdo, o que dizer dos rituais da hierarquia militar? Kubrick filma de modo seco um julgamento de um caso (injusto) de insubordinação em plena Primeira Guerra Mundial. A câmera segue os personagens, como que tentando entender a essência de seus atos – o que só ajuda as atuações monstruosas de Kirk Douglas, Adolphe Menjou e George Macready. Provavelmente o melhor filme do diretor, lado a lado com 2001 – Uma Odisseia no Espaço.

Bravura Indômita (True Grit, EUA, 1969), de Henry Hathaway ***

É óbvio que a comparação com a refilmagem feita por Joel e Ethan Coen no ano passado pesa, mas a verdade é que o original de Henry Hathaway carece um pouco do tom mais sóbrio imposto pelos dois irmãos. Não é de todo mau: Kim Darby está ótima como Mattie Ross e John Wayne, mesmo passando longe de outras atuações memoráveis, tem carisma o suficiente para levar o filme. No entanto, é um western em tom menor, otimista, um tanto quanto deslocado do tempo a que pertence (final dos anos 1970).

Sanjuro (Tsubaki Sanjûrô, Japão, 1962), de Akira Kurosawa ***

A expectativa criada antes de ver Sanjuro não foi recompensada – principalmente por esperar algo do brilhantismo de Yojimbo, do qual é continuação direta. Muito bem filmado por Kurosawa e equipe, o que nem se precisa comentar, pois todos os seus filmes são primorosos na questão técnica, é a história contada que não engrena. Aqui, o samurai Sanjuro ajuda um grupo de jovens determinados a acabar com a corrupção em sua cidade. Abre-se, porém, pouco espaço para o humor sarcástico do personagem título e para a ação – limitada a duas ou três sequências. Sempre vale a pena, no entanto, ver Toshirô Mifune atuar.

A Dama Oculta (The Lady Vanishes, Reino Unido, 1938), de Alfred Hitchcock ****

Hithcock era um mestre na manipulação dos sentimentos do público desde seus filmes na Inglaterra, seu país de origem. Pegue A Dama Oculta por exemplo: enquanto a primeira metade é quase uma comédia screwball, com ótimos diálogos de duplo sentido e gags visuais, a parte final vira uma esquizofrênica teoria da conspiração em meio a agentes secretos. Dá até para perdoar o final bobinho, pois o jovem Hitch já sabia como fazer as coisas: a cena dos drinks envenenados, com os copos suspeitos em primeiro plano, mostram isso muito bem.

Lolita (Lolita, Reino Unido, 1962), de Stanley Kubrick ****

Àqueles que só conhecem o Kubrick dos filmes mais, digamos, famosos, vale olhar com carinho para a primeira parte de sua carreira – O Grande Golpe, Glória Feita de Sangue, Lolita, Dr. Fantástico e até mesmo Spartacus. Lolita é uma visão deliciosa, ao mesmo tempo amarga e hilária, de como as relações humanas podem ser doentes. O ótimo elenco ajuda – com James Mason, Peter Sellers, Shelley Winters e Sue Lyon fantásticos, principalmente os dois primeiros -, enquanto Kubrick fica tranquilo para captar essa sensação estranha, de que algo está fora dos eixos, como poucos.

2 comentários em “Retomando

  1. Bárbara Calache disse:

    Belo “pout pourri” de filmes/críticas – sinal que começou bem o ano. Realmente, vale a pena dedicar algumas horas para ver Lolita, mesmo que não esteja nem perto de ser tão bom como alguns outros.
    Ah, esqueceu de Um Estranho sem Nome, ou está preparando algo especial para ele?rs
    Parabéns pelo blog, amor.
    Beijo,

  2. Bárbara Calache disse:

    OBS: é “O” estranho sem nome. rs

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